Pesquisa mapeia áreas com potenciais para o cultivo de milho no semiárido brasileiro


O semiárido brasileiro representa uma área aproximada de 1,12 milhões de Km² (18,2% do território nacional) e engloba 1.262 municípios nos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Sergipe. 

Mapa das Delimitações da região semiárida brasileira (Fonte: Lopes et al., 2019)

Essa região é famosa pelo clima seco e pelas limitações socioeconômicas no meio urbano e rural. A grande maioria dos produtores rurais vivem sobre condições de pobreza e baixos níveis tecnológicos empregados na produção e, consequentemente, convivem com rendimentos inferiores das principais culturas agrícolas encontradas na região como: arroz, feijão, mandioca e milho.

Essas culturas são consideradas base, principalmente, por apresentar um alto valor nutritivo e baixo custo de produção. Dentre essas, o milho destaca-se pela sua aplicação industrial, pecuária, e também, como ingrediente do famoso cuscuz nordestino e das comidas tipicas.

A irregularidade de chuvas cria regiões com diferentes potenciais produtivos

Devido a importância e a ausência de estudo relacionando a produtividade do milho aos índices pluviométricos (1990-2014), um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (INPE) e da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) publicaram um artigo intitulado "Identificação da influência da pluviometria no rendimento do milho no semiárido brasileiro" na Revista Brasileira de Agricultura Irrigada (2019), onde classificaram a região semiárida em grupos homogêneas e mapearam as áreas com melhores condições climáticas para o cultivo do milho. 

De acordo com a pesquisa, grande parte do território semiárido tem tendências pluviométricas negativas, ou seja, apresentam maior possibilidade de diminuição das chuvas ao longo dos anos, com destaque para o sudeste e noroeste da Bahia. Entretanto, também foram identificadas zonas com tendências positivas no Piauí, Bahia, Ceará, Pernambuco e na Paraíba. 

Zonas com tendências positivas (azul) e negativas (amarela, laranja e vermelha) para ocorrência de chuvas (Fonte: Lopes et al., 2019)

Esses dados pluviométricos foram usados para classificar a região em 4 áreas:

Área 1: compreende a região central do semiárido, e abrange os estados de Alagoas, Pernambuco, Paraíba, grande parte da Bahia e a porção centro-sul do Piauí;

Área 2: abrange os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Sergipe e a parte norte do Piauí;

Área 3: situa-se no norte de Minas Gerais e Norte da Bahia;

Área 4: compreende duas regiões separadas, uma no oeste Piauí e outra no centro/sul da Bahia. 


Classificação do semiárido (Fonte: Lopes et al., 2019)

O estudo apontou que em apenas 10% do território semiárido a produtividade do milho foi superior a 1000 kg/ha entre 1990 e 2014, e destacaram as áreas 2 e 4, com as maiores tendências para o aumento da produção em sequeiro. Além disso, existem fortes possibilidades de sofrerem reduções de chuvas nos próximos anos, e agravar ainda mais, a situação da escassez de água para o consumo e a irrigação.


Leia o artigo na íntegra
Fonte: Lopes et al. Identificação da influência da pluviometria no rendimento do milho no semiárido brasileiro. Revista Brasileira de Agricultura Irrigada, n. 13, v. 5, p. 3610-3618, 2019.